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29 dezembro, 2011

Solidão

solidão não é
estar só
entre quatro paredes

solidão é
não sentir nada

não ter sede
de um amor
uma saudade
uma crença

solidão é
distanciar-se
dos homens
na fé
no sentir

27 dezembro, 2011

Leva-me para dançar

o tempo corre pra mim
bem mais rapidamente
envelhecendo meus rins
antes da minha mente

o tempo rouba-me o beijo
beijos que ainda não ganhei
sonega-me os desejos
e o príncipe que sonhei

o tempo a pele maltrata
no escárnio da ansiedade
minha dor ele retrata

por uma noite apenas
leva-me para dançar
de-me umas horas  amenas


                                    (para minha filha)

23 dezembro, 2011

Dezembro


tantas tintas
tantas cores
e esse branco
dezembro

amontoando
palavras
sonhos
projetos

pálido dezembro
prepara seu último suspiro

pisoteado por pés
autômatos
consumistas
que buscam construir
o Natal

06 dezembro, 2011


o sol se repartia
em pedrinhas
no fundo das águas
rasas e cristalinas

estão nos meus olhos 
ainda, as pedrinhas
e a menina

29 novembro, 2011

Versos para afugentar a dor


pelo vão dos dedos
foge-me o precioso


zelos infrutuosos
descansam no vazio
da renúncia

22 novembro, 2011


um único instante
basta-me
para alimentar
meu dia
se nele conter
flor
pássaro
ou poesia

10 novembro, 2011

Lembranças


folheando as folhas do livro
a flor que entremeia
é seca

desabrochou à meia luz
dança na  memória
uma silhueta

filtro em suas pétalas
o perfume
dela

05 novembro, 2011


cadê versos
ternos da poesia

fluído
 congelou 
em meu sangue
e lágrimas
secou

02 novembro, 2011

Tanto faz


não é que tanto faz
é que olho para a solidão
senil de minhas mãos
e sinto o abandono

não é que tanto faz
é que o branco dos meus cabelos
apagaram a cor dos meus dias
e as rugas em minha face
são rios secos
linhas vazias

não é que tanto faz
é que de minha boca
palavras  parecem blasfêmia
afugentada pelo  insondável
e pouco  a pouco me silencia

27 outubro, 2011

Inocência enclausurada




o olho da rua
que não é mais minha
espia
                    alicia

o olho da rua
que já não brinca
pega-pega
                 pega o ladrão
esconde-esconde
                esconde o irmão

o olho da rua
                             assusta

19 outubro, 2011

Desengana-me


seu nome trouxe-me um rosto de menina
retido na memória das horas paradas
que o passar dos anos só agora me atina
rugas que em sua face nasceram caladas

ver seu rosto foi olhar-me no espelho
sentir na pele o encurtar do tempo
e de aflição corar-me de vermelho
por jovem não ser  a meu contento

longe de mim o tempo também corre
nos arrasta com tanta ligeireza, esse
cruel e impiedoso manto que nos cobre

doe-me essa  inexorável fatalidade
desconhecido destino que se esconde
fosse ainda,  à saber, a  tal felicidade

15 outubro, 2011



quando Morfeu toma-me em seus braços

e guarda minhas preocupações

você se perde em outros abraços

desprovidos de emoções         

11 outubro, 2011

http://olhares.uol.com.br/ainda_a_ausencia_foto2621274.html?nav1





nessa hora do dia
em que todos se ausentam
deixando a casa vazia

o silêncio
o fastio
o ócio

09 outubro, 2011



fez-se rocha
que seca a face
ceifa a flor
que desabrocha
e teima e brota
no orvalho da dor

05 outubro, 2011

Ausência de mim


Autor da foto: Rattus
http://olhares.uol.com.br/ausencia_de_mim_foto2634385.html

procurei você nos bares
nas igrejas e nos lares
procurei você nas ruas
nos becos e até na lua

você na Maria
 no João
no gato
e no cão

procurei no mar alto
e maré baixa
no campo
e na cidade
no verde
e no asfalto

no teatro e no cinema
na canção e no poema

procurei em todo canto
no riso solto e no pranto
no ruído e no silêncio

procurei você em mim
e no desconhecido fim

são barreiras intransponíveis 
segue qualquer caminho
transpassa qualquer porta aberta
deita em qualquer cama
adormece de qualquer jeito

29 setembro, 2011

Tudo inútil


guardar segredos
que andam de boca em boca
engolir seco
a resposta mal dada
chorar sonhos
perdidos no tempo
sustentar a fulminação
de teus olhos

pra que sofrer
se nada é pra sempre,
tudo tão inútil

distraio-me a olhar o universo
a singela flor que me encanta
o bem–te–vi que me saúda toda manhã
naquela praça
bem-te-vi, bem-te-vi

e o outro naquela igreja mais adiante
bem-te-vi, bem-te-vi

                                                logo mais terei o sol a me aquecer...

27 setembro, 2011

Labor


Sento
olho a chuva através da vidraça
o ritmo da sala é frenético
as conversas, as crianças,
a máquina de costura...

Pensativa
não me concentro em nada que valha a pena
vez ou outra um grito, um choro infantil
ando meio consternada com a falta de emoção

Saio
na porta escancarada, que dá para o pátio,
apoio-me sobre os joelhos
ouço o som da música vindo da cozinha
sinto o cheiro de grandes braços verdes
estendidos ao firmamento
respiro o oxigênio que exalam
a chuva que bate no chão
respinga no meu rosto
isso melhora um pouco
os olhos umedecem 

25 setembro, 2011


pingo no tempo
nunca tenho os pés no chão
uma questão de sobrevivência 

22 setembro, 2011

Avesso

outro sonho tolhido
não teve a sorte do ócio
teus sonhos morrem meninos
tudo parece oco
flutuando  sem gravidade
não tem força que te mova
ficas assim sem vontade


assim sem gosto
sem cor , sem perfume
sem flor... sem fervor
 só a dor de um viver contrariado


a coluna curva na labuta
de uma luta desigual
só o cansaço e o sono iminente
faz-lhe deixar de pensar em
não mais querer ser gente


o sorriso não floresce
nos olhos, a cor da morte
tua face enrudece
 não é quem eu conheci
tu és o avesso de ti

19 setembro, 2011

Saudades da infância


os cavalos que meu pai tinha às mãos
eram dos filhos do patrão
a mim parece-me que sobrou
só a sujeira do chão
casa de chão batido
e de coração partindo

partindo em busca da cidade
de teatros e de felicidade                                                    
deixei para trás a natureza
hoje sinto saudades

saudades de um tempo nobre
em que fome eu não passava
tinha tudo à minha mão
laranjas, peras, jabuticabas
o leite; a vaca dava

das laranjeiras tenho saudades
da minha mãe no alto do pé
a catar laranjas por no saco
e depois cair de pé

chupar laranja era um prazer
que fazíamos em conjunto
a mãe fazia-nos trazer
pra perto dela; todos juntos

tinha tudo naquele lugar
sol, água, terra e luar
lá deixei minha infância.
mas, cá deixei de ser criança    

15 setembro, 2011

Bradicardia


clinicamente bradi,
emocionalmente brando
meu velho e cansado bradi
meu desiludido brando

meu bradi e brando coração
vou marcar-passo da nossa canção
diminuir o compasso da emoção

vamos devagar, mas não quero parar
ainda quero pela manhã fazer café
 ler Herman Hesse dentro da catedral da Sé

retornar a Colônia do Sapo
fazer serenata pra lua
com os amigos bater um papo
nas águas do Retiro nadar nua

você não era assim
foi sobrecarga de dor?
quero viver um novo
 e grande amor
bradi, branda... Dor

14 setembro, 2011

Poesia do momento


instante mágico
em que você me deu bom dia
paramos um pouco a nos falar
coisas à toa, sem valia
enquanto teus olhos me corriam
enquanto eu te sorria
enquanto um imã nos atraia

sustentar teu olhar já não podia
instante mágico de pura poesia
quebrado pela razão que chefia a emoção
mas que ficou gravado feito fotografia
que olhei o dia todo
porque nesse dia
só teu rosto eu via

12 setembro, 2011


depois do nada
suas lágrimas         
voou rasante
e tocou meu coração

rasgou da alma
a pálida pele
deixou em mim
a lembrança de ser


11 setembro, 2011

Duras palavras


com a saliva
grossa do enxofre
alimenta seus anjos

na chama viva
queima e sofre
as perdas e danos

02 setembro, 2011

São Paulo

morava onde o tempo
dava pra tudo
inda bastava pra nada

onde o sol enchia o dia
e ditava as horas

aqui e agora
onde o dia emenda à noite

tudo e nada
é a mesma coisa
solidão


20 agosto, 2011



escassa a vida
na escassez dos  olhos
no mínimo espaço
no enlaço do tempo

escassa a vida
anda na vila
a caça de flores



17 agosto, 2011



encontrei-me ali
em estranho ninho
o meu cheiro nas letras
caídas pelo caminho
e um pedaço de mim
em seu poema

04 agosto, 2011


Sutil

desapareceu no ar feito fumaça
fumegante inspiração de meus poemas
vida  que passa vazia
vazia a rua
só o negro véu
que embaça a falta de você

nebulosa
ausência que aumenta
aumenta a saudade do que não foi

no vazio imenso
meu olhar procura em desespero
a imagem de um amor suspenso

adiei você para eternidade
descondensou no ar sem dizer adeus

03 agosto, 2011

Não sei mais falar de amor


entojada da temática
sem dialética
cansada de minhas poesias
patéticas
não quero mais falar de amor
não quero assistir a noite virar dia
enquanto você não chega

enquanto você não chega
cochilo, vacilo
entrego-me ao sono no sofá da sala
em meio ao pesadelo você bate a porta
levo o que resta de minha noite
e o meu travesseiro para a cama
é o tempo de tomar seu banho
lavo do rosto a noite mal dormida
e enfrento o dia  enquanto você dorme
não sei mais falar de amor
só sei te esperar porque te amo

31 julho, 2011


bestial afasta a face
olhos no chão
envolta
em híbridos musgos
fraca
sem forças
enlouquece ao som dos
resmungos
nenhum pensamento lhe
escapa

21 julho, 2011


palavras despedaçadas
caminhos entrecortados
solto sua mão
e me calo

que falem mais alto
os ecos do silêncio


12 julho, 2011

Entrega total

Uma pequenina esperança me leva até você.
E enquanto me agarro a ela, minhas forças se esgotam, me deixando levar.
Não planejo meu futuro, não faço plano!
Coloco-me em tuas mãos, pedindo proteção!
Já não teço mais aquela armadura racional,
Que me dava a sensação de ser firme como uma rocha.
Já não busco aquele mundo de emoção.
Procurando em cada olhar, em cada pessoa.
A emoção está em mim e ela me vem à toa!
Se é sonho ou realidade; já não procuro saber.
Não sei se há muita diferença entre sonhar ou viver!
A felicidade pode estar num sonho...
E um sonho pode ser tão real enquanto vivido,
Quanto a tudo que é real e não faz sentido!
O que não faz sentido é ilógico, porém excitante,
O ser humano é excitante por isso é ilógico!
Perco-me na busca da verdade;
Embaraço-me em minha complexidade!
Deixo-me vencer por você!


Insalubridade da alma

o quarto cheio de fumaça
noite através da vidraça
que chamava pelos pingos da chuva
como algo que viesse lavar
algo que fizesse chorar

a janela permaneceu seca
a fumaça alojou-se nos cantos do quarto
é onde a gente peca

alojando a alma num canto do corpo
adormece com ele todo torto
sonha que estão te lavando
aos poucos vai se afogando
num pesadelo brutal,
numa agonia total

03 julho, 2011


as feras  estão soltas
atacam a luz do dia
a noite - são anjos e sonham
que estão sendo devorados

30 junho, 2011

Paranoia
 
você entrou na minha vida desde que te espero
desde então, sou eu e sou você, nessa vida a dois
homem e mulher enrolados nos lençóis

quando foges e se ausenta te busco com esmero
sentado a sombra de uma mangueira frondosa
te colho no colo de um amor sincero

fantasma a luz do dia senta-se do meu lado

come do meu feijão e dos sonhos mais melados

27 junho, 2011

fastidioso o tempo dos anos
que sozinho percorri
evitando desenganos

amores em minha vida
com o medo removi
não tenho mais guarida

meu coração é chumbo
um peso maior do mundo

26 junho, 2011


Um sentir só

quero falar desse nada em minha garganta
de esse vazio sentir que meu peito sustenta
dessa certeza única que meu ser alcança
quebra minhas pernas e me deixa suspensa

com o corpo em dor recostado na mureta
pó perplexo desejando vento pra voar
correr a cruenta jornada ao céu de pureza
ou permanecer poeira presa a vida toda

sedenta, cede ao toque das estrelas nuas
sôfrega sede faz uivar cães na rua vazia
ímpios olhos acusam esse momento vulgar
ímpetos sossegados na vida sem valia


Saudade

saudade é cinza que se esvai
no início é cinza escuro
pesa e dói
besteira fixar essa cor. esvai
solta ao vento ...



23 junho, 2011



curto é o tempo
de eu estar só
no entanto
estou só
o tempo todo




08 junho, 2011

Preâmbulos



antes de fazer-me grisalha
passos lentos, compassados
nas ancas, nenhum requebrado
devolvo-me a ti

molda-me com suas mãos
desenha meu corpo
faz-me novamente
mulher de sorrisos
e vaidades

26 maio, 2011

Poesia morta



presa a poesia
- na palavra -
some a palavra
no nó da garganta
no aperto do peito
sem sangria
morre engasgada



22 maio, 2011



de tão só
tornou-se gasto
tem nas unhas
a carne da alma
e um asco no estômago



20 maio, 2011

Aliterações para o nascer do sol


despindo o discreto dia
sobe, sensual, o sol
sua semente sangrando o sumo
eclode em ecos de
cães e carros no concreto


03 maio, 2011

Poeminha para São Paulo


abro a porta que dá pra laje
que céu mais bonito de se vê
nem parece São Paulo
não é a toa que você não chega
entro e desligo a TV
ela continua falando
na casa da vizinha

26 abril, 2011


indiferente a mim
uma andorinha só
dá voltas
eu que me sinto
igual
assim
tão perdida
nessa ânsia de procura

indiferente a mim
o vento sopra nas folhas
que caem lentamente
prenunciando o inverno

24 abril, 2011



com a alma não tão em festa
eu penso; traço a meta
não é um caminho entre flores
deixo a violeta na janela
para aliviar as dores

17 abril, 2011


não quero ficar presa em sonhos
que não meus
por isso foge dos seus olhos
esses meus olhos ateus



11 abril, 2011

Às compras


01 fita para impressora HP 3320
02 cones de barbante 8/4
01 cone de barbante 4/8
lã preta
01 Kg de poesia surrealista
diretamente de seus lábios
para a retina dos meus olhos
(oferta da casa)



06 abril, 2011


palavra que é nada
disfarça, distorce , desdiz
palavra escrita
não fica como é dita
nos versos eleita
palavra imperfeita
entremeio as palavras
nas entrelinhas
na voz do silêncio
mora a poesia

02 abril, 2011


ah! por que há flores
sol , brisa
por que essa violeta
na entrada da casa
a encher-me de beleza
os olhos
quando a alma vaga
sozinha

27 março, 2011



desligue o tempo
deixe o êxtase fluir
em cada momento

26 março, 2011



no tempo quadriculado
meu coração mal consegue bater
em seu minúsculo quadrado

28 fevereiro, 2011

Eu na noite

sentei ao relento para ver o vento
para não ver o momento
momento que eu tinha medo
pois ao relento eu pensava e me exaltava...

a cada olhar me sentia envolvida pelo ruído
da minha mente cansada
amargurada
tinha medo de ver e não crer
tinha medo do viver
tinha medo do amanhecer

***
queria com mão segurar esse momento
é noite e os ruídos levam ao amanhecer
amanhecer que leva ao cotidiano barulhento e racional
ouço o passo do tempo, mas não consigo ouvir minha alma
porque não reina o silêncio? e no silêncio o momento eterno
onde deve ecoar o som de todas as almas

12 fevereiro, 2011


o silêncio do dia
que começa - convida ao sono
final de festa


11 fevereiro, 2011

Nice girl

ela não fuxica
muxiba aos cães, que
tratados com esmero
à jogou no deserto

06 fevereiro, 2011


não há vento hoje
tapete branco no teto
esquenta demais

04 fevereiro, 2011

Sexta feira



Manhã amarga de sexta
faz cara de quem vai
trabalhar sábado

dum céu azul

como um olho roxo
despenca densa camada
de finas lágrimas
deixando no ar
um gosto molhado
de tristeza

31 janeiro, 2011

Nuvem


Bem que quis fincar raiz
mas sou nuvem passageira,
mudo de acordo com o tempo
sigo a favor do vento

Quando espessa verto lágrimas
choro até ficar mais leve
até que o vento me leve

Leve-me pra outro horizonte
bem detrás daquele monte
aonde o sol vai se esconder
onde me esconde eu
fugindo do meu bem querer

Quando as lágrimas que chorei
tornarem a me encontrar
eu vou voltar a chorar

Mudando de tempo em tempo
ora leve, ora densa
ora pequena, ora imensa

29 janeiro, 2011

Flores ocultas


encaro a estrada
de frente
mastigo pedras
rumino a faca entre os dentes
fere-me o peso do aço
acumulado
                                                                                                                   obsoleto
das correntes me desfaço
escondo-me nesse oceano deserto
esqueço
                     adormeço
                                              morro

retorno
retrocedo aos laços do retrato
reflexo no espelho que reavivo
recomeço

na manga
uma outra carta

 

24 janeiro, 2011

Viva às mortas

na impossibilidade de ser
resolveu ficar deprimida
foram três horas no sofá

na impossibilidade de ser outra

resolveu voltar a ser mãe
foi até a cozinha
fez pudim, bolo e torta

as outras; estão mortas


23 janeiro, 2011

Soneto a uma amiga


Passaram-se as dores, os dissabores,
a raiva, a tristeza e a depressão
fiz novos amigos, novos amores
e você inda mora no meu coração

Amiga das horas obscuras
amiga das horas doente
teu conselho me trouxe a cura
nunca me vi tão contente

Do outro lado da avenida
ausente no meu tempo e espaço
você vai levando a vida

Nossa amizade permanece atual
é sempre uma alegria te ver
a cada encontro casual


não quero colher frutos
quero ser
enquanto acordo
caminho
e volto

enquanto teclo e penso
enquanto deito meu corpo
sobre o seu

enquanto vivo
quero ser


Janeiro


chove inclinado no vão das telhas
pinga no balde, respinga no chão
as águas de março invade janeiro
invade casas, avenidas...
invade as vidas
transborda
a morte

19 janeiro, 2011

Segredo


não consigo atinar
então vivo a imaginar
parece carregar um peso
não há leveza em seu andar
há uma sombra em seu olhar
que do segredo você saia ileso


meus dias tão iguais
não pode ser
um só triste dia

todos tão tristes
e tão iguais
são os meus dias

que me fazem triste
e nada mais

16 janeiro, 2011

Poesia do momento

Instante mágico
em que você me deu bom dia
paramos um pouco a nos falar
coisas à toa, sem valia
enquanto teus olhos me corriam
enquanto eu te sorria
enquanto um imã nos atraia

Sustentar teu olhar
já não podia
instante mágico
de pura poesia
quebrado pela razão
que chefia a emoção
mas que ficou gravado
feito fotografia
que olhei o dia todo
porque nesse dia
só teu rosto eu via

14 janeiro, 2011

Solitude

imagem by site fotográfico Devian Art










 

agora que me reencontrei
não quero me perder novamente
sempre me tive inteira

no alto do abacateiro
estudando para a prova de geografia
(cada rio e afluentes tinham uma cor diferente)
escondida atrás do toco,
ou quando pulava a cerca
a perambular pelas ruas
para livrar-me de uma surra
sempre me tive inteira
 
a quem reclame da solidão
ela é minha maior riqueza
não posso lhe dar o que não tenho
e tudo que tenho você pode ter

com a porta do coração trancada
(para garantir minha solidão)
estou cá do lado de fora
mas não vejo grande coisa
nessa grande metrópole
ouço sons que desagradam,
os cheiros tapam-me as narinas
queimam a garganta
e a sinusite já não permite
que eu levante os olhos
sem franzir a testa

desgosta-me o que vejo
irrita-me o que escuto

estar só comigo mesma
é tudo o que mais quero
quantas e quantas vezes
desejei ser uma ermitã
viver a esmo,
cheia de idéias vãs
morar numa cabana
comer palmito e banana
nunca ter que passar roupas
sem hora para acordar
nem contas para pagar

quero a paz de um riacho com sua melodia e perfume
quero o cheiro da relva repleta de vagalumes