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01 março, 2018

escrevo palavras que empatam na minha memória.palavras das quais nem sempre lembro seus nomes.nao se pode lembrar de tudo.escrevo palavras que são grãos de areia em minha boca. transformá-las em substâncias agradáveis como o néctar das flores para as borboletas, ou como a água que corre cristalina por entre as pedras e acomoda os grãos de areia em seu leito para que repousam no silêncio de sua música não é uma tarefa muito fácil.as palavras são grãos de areia em minha boca, como estes que entram em meus sapatos.lâmina que corta afiada a ponta dos dedos e da língua. desbravar caminhos solitários na amplidão da jornada quando não se tem o equilíbrio necessário para lidar com os buracos é algo cansativo. tendencioso para achar a tarefa no mínimo vã. quisera ao longo do caminho atingir a alma das pedras.



Março
eis que me chega março com suas longas pernas
carregado de saudade e desesperança
atravessar o mar de março no dilúvio das águas sem um abraço
não é coisa que se faça sem sentir dor
não sou muito dada a essas bravuras
o tempo madraço no mormaço corre lento no mês de março
é preciso afago nas horas cansadas e sonolentas
é preciso afago na fila dispendiosa e penosa do mercado
para uma paz no meu peito é preciso abraço no mês de março