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27 abril, 2012


esse silêncio de colher auroras
e atravessar o dia entre flores e pedras
ah! esse silencio de boca da noite 
silêncio, às vezes, é cárcere de dor
de entardecer-se com a alma despida
pela distância e o desafeto

14 abril, 2012


naquele domingo estavas certo sobre o odor em  suas mãos
aquele demônio vermelho ainda gruda na parede do quarto
a menina prende os cigarras na gaiola vazia do passarinho
e a tarde sonora de verão abre o céu num livro de figuras

a vida pulsa entre felizes deslumbramentos e medos
sensações invadiram sua vida e cegou  seus sentidos
quando abriu o olhos - cobras afagavam seu pescoço
sombras  saiam dos telhados como negras sepulturas

a nódoa em seus dedos pasma a  assustadora predição
do aroma que naquele domingo inalava em suas mãos

09 abril, 2012



sob um céu escuro de nuvens roxas
lardeado por flashes vermelhos
ora um, ora vários, que lembram
um céu de réveillon. sem som

as árvores que entremeiam a avenida
emanam um cheiro quieto de suas folhas mudas
misturado ao agonizante odor de fezes e urina
das mornas calçadas sem palavras

a pouca brisa traz alguns chuviscos
em minhas orelhas e pescoço
tudo seria silêncio. não fossem as buzinas
e essa gargalhada amarelejando 

08 abril, 2012


não há arrebol que me cubra de luz
não há tarde que deite um  crepúsculo
uma estranheza  se entranha em mim

vago meus olhos nesse mar imenso
num presságio de que vão desaguar

05 abril, 2012

não demora
estou indo embora
já falei
não me peça
para sofrer além da medida
não demora nada
vou-me embora

se você quiser
pode me pedir para ficar
mas vai ter que me olhar
e precisa colher as jabuticabas
as duas jabuticabeiras que plantei
estão carregadinhas de frutos
e você nem liga

                                       ( para Dr. Mario)