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28 julho, 2010

Assassinato abstrato

assassinato abstrato

chaga aberta... latente
há anos purga sem cessar
por isso calo conivente
em você eu não quero tocar

não sou dada a escárnio
purga ódio e rancor
sentimentos ruins aninho
chega ser física essa dor

mataste-me no papel
num obituário falso
fez-me conhecer o fel
morte em vida é meu encalço

seria tão mais fácil
dizer adeus e partir
mas você preferiu
enterrar-me antes de ir

perdoar eu não consigo
tanta podridão
como pude não ver
dentro do seu coração

Senhor
exorciza-me desta dor
ah! como dói o desamor

27 julho, 2010

Araquinídio peçonhento

tecem tuas teias,
aranhas de ventas felpudas
pernas compridas (ou línguas?),
de intrigas

tagarelas, fofoqueiras,
sem tramelas
línguas afiadas afiam o fio da palavra
no seio da labuta,
veneráveis matriarcas
provocam seu aranhismo

nocivas, cavernosas
destilam sua peçonha
venenosa

24 julho, 2010


a ausência bate no estômago;
queima

o coração comprimido dentro do peito já não bate;
sufoca

o peso da angustia
dói e assusta

no silêncio fustigado por carros e cães;
espera

as partes enfermas do corpo
reclamam

você pede para que a dor não seja grande
(imagina o sol rubro de vergonha invadir seu quarto)

se assim for;
suplica lágrimas para romper essa dor.

23 julho, 2010

É assim que escrevo

o toque fugidio de suas mãos
marcou minha presença
naquele lugar
por que não ficas
e marque para sempre
minha existência
inexistente
(e)
quando voltei a mim
a panela estava ensaboada
dentro da pia...

19 julho, 2010

Lar




No abre e fecha da porta
um entra e sai
de vidas desencontradas

18 julho, 2010

Do tempo que resta

basta sentar-me ao sol
ouvir os sons
olhar ao redor
e o nada se completa
fundindo-se com tudo
que aí está, estático
dentro de um tempo
que passa indiferente

prefiro sentar-me ao sol
aquecer o  frio
acalentar meu corpo
dorido, retalhado
costurá-lo com seus raios
descongelar o coração
e não ter que pensar em nada...