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09 setembro, 2023

 perdi a mão para fazer poemas

as coisas parecem óbvias  demais

não quero discursar sobre os mesmos temas


perdi a fé no dizer e nas palavras 

tenho uma vazio  no peito que pesa feito chumbo

cheio de amarras e profundo


ainda não perdi o gosto no olhar

só preciso aprender a escrever nuances

com a mesma sutileza da natureza

 

 


09 abril, 2023

 hoje

ao contrário do que sempre faço

arrumei a cama

em uma dor submissa que se manifesta nos movimentos automáticos de meus braços

uma tentativa de colocar as coisas em ordem

uma súplica de que tudo volte ao normal

 cheguei antes do pôr do sol

porém, não antes da solidão das coisas inanimadas e dos espaços vazios

não antes do silêncio dos pássaros e grilos

o arrebol deitava-se vermelho por entre as árvores e montes

caminhamos lado a lado

por vezes, me dava com ele em minhas costas

como a me proteger do perigo

um homem passou por mim quando eu descia o morro

entretanto, ele tinha os cabelos grisalhos

pode um homem com os cabelos grisalhos fazer mal a alguém

dizem que quando as pessoas estão perto da morte 

elas se tornam melhores …

26 junho, 2018

há uma distância entre mim e as coisas
sempre haverá está distância que parece ser de vida adiada
de dias que deixo de caminhar sobre as pedras e não tomo o sol em minhas mãos
sei bem que me deram o sol
mas há também uma distância de dias parados na sombra
de palavras encolhidas na barriga e por mais que eu tente gritar
tudo permanece parado em névoas acinzentadas
sei bem que me deram o sol
mas há uma distância entre mim e as coisas como brinquedos guardados no alto do guarda-roupa
serei eu a escrever nas sombras sobras de dias contados. somente sementes infrutíferas semeadas aos escombros do caos de um corpo que escorre esguio em meio a densa escuridão da noite. serei eu a encolher-me pelos cantos do mundo mais pequeno que já conheci e arrastar-te grudado ao suor do meu corpo para a superfície ensolarada. escorregadio é o medo que te leva e me puxa contigo ao abismo da inexistência cobrindo-me com manto da invisibilidade.de olhos abertos para a janela que escancara as estradas de luz e relvas perfumadas anulo-me no silêncio do consentimento e espero.

01 março, 2018

escrevo palavras que empatam na minha memória.palavras das quais nem sempre lembro seus nomes.nao se pode lembrar de tudo.escrevo palavras que são grãos de areia em minha boca. transformá-las em substâncias agradáveis como o néctar das flores para as borboletas, ou como a água que corre cristalina por entre as pedras e acomoda os grãos de areia em seu leito para que repousam no silêncio de sua música não é uma tarefa muito fácil.as palavras são grãos de areia em minha boca, como estes que entram em meus sapatos.lâmina que corta afiada a ponta dos dedos e da língua. desbravar caminhos solitários na amplidão da jornada quando não se tem o equilíbrio necessário para lidar com os buracos é algo cansativo. tendencioso para achar a tarefa no mínimo vã. quisera ao longo do caminho atingir a alma das pedras.



Março
eis que me chega março com suas longas pernas
carregado de saudade e desesperança
atravessar o mar de março no dilúvio das águas sem um abraço
não é coisa que se faça sem sentir dor
não sou muito dada a essas bravuras
o tempo madraço no mormaço corre lento no mês de março
é preciso afago nas horas cansadas e sonolentas
é preciso afago na fila dispendiosa e penosa do mercado
para uma paz no meu peito é preciso abraço no mês de março

13 janeiro, 2018

foi só botar o pé na estrada
e ousa florir pelas minhas costas

fechei meus olhos a ti
larguei te a tua própria sorte
porque eras teimoso e cheio de defeitos
unia se à toda sorte de desgraça e intérperies
a ponto de me aborrecer com suas provocações
hoje te cobre de lilases num manto quase que celestial
meus olhos já não te alcançam

21 janeiro, 2017

muitos diriam utopia​
eu querer-te rosa
melhor querer-te homem
só eu te vejo flor
só eu te faço rosa

20 dezembro, 2016

poema para ser escrito ao longo da vida até que tudo acabe até que seus olhos de mel se apaguem



tudo acaba
isso também tem de acabar
antes que eu termine de ler Bukowski
isso vai ter que de acabar

são 2:09 pm e não consigo dormir
você checou o mensseger às 7:00 am
meia noite aqui
eu fiquei off e li
seus olhos ainda brilham na escuridão da noite

para sempre é um tempo infinito
eu nunca devia ter dito
mas não posso voltar atrás
odeio quem anda na contra mão
atrapalhando o fluxo

o que me salvará hoje
do tédio e de você
há passarinhos cantando no quintal

ando errante
e não saio do lugar
sempre volto a mim
e hoje só vou pensar em você
há chuva lá fora

tenho certeza fui eu a primeira
pra você está manhã
a lhe desejar:
Happy Birthday. long life. many joys.
deveria saber com isto
que ainda te amo

o sifão universal
adaptou-se plenamente
acabou com o problema de vazamento
o amor também deveria ser
do tipo universal e adaptar-se a todas situações
hoje sei
nem o mais maravilhoso por do sol
faria você amar-me novamente