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30 abril, 2010

Pão e poesia

Folha em branco, tanto faz
papel machê, papel de pão
tudo vira canção

Tive um caderno
dum papel que tinha na venda
minha mãe não escrevia,
no entanto, fazia poesia
e essa foi por encomenda

Feito de um papel cinza
que de pintinhas vermelhas era cheio
dobrado com carinho
ia rimando direitinho com a costura do meio

Dia a dia cozinhando
as palavras na panela
os versos saiam fumegando
iam bater na minha janela

E aqueles que ela assava
nas folhas de bananeira
eu pequenina olhava
extasiada e faceira

Hoje teu verso, Mãe,
ficou suspenso no ar
espalha dor e saudade
de quem sempre vai te amar

02 abril, 2010


essa malevolência
essa dormência
de noite mal dormida
movimentos incontidos
embaixo dos lençóis
só vai passar
quando salgar minhas veias
com meu almoço
elevando assim a P.A que baixou
após trinta gotas de dipirona
ingeridas na madrugada