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26 junho, 2018

há uma distância entre mim e as coisas
sempre haverá está distância que parece ser de vida adiada
de dias que deixo de caminhar sobre as pedras e não tomo o sol em minhas mãos
sei bem que me deram o sol
mas há também uma distância de dias parados na sombra
de palavras encolhidas na barriga e por mais que eu tente gritar
tudo permanece parado em névoas acinzentadas
sei bem que me deram o sol
mas há uma distância entre mim e as coisas como brinquedos guardados no alto do guarda-roupa
serei eu a escrever nas sombras sobras de dias contados. somente sementes infrutíferas semeadas aos escombros do caos de um corpo que escorre esguio em meio a densa escuridão da noite. serei eu a encolher-me pelos cantos do mundo mais pequeno que já conheci e arrastar-te grudado ao suor do meu corpo para a superfície ensolarada. escorregadio é o medo que te leva e me puxa contigo ao abismo da inexistência cobrindo-me com manto da invisibilidade.de olhos abertos para a janela que escancara as estradas de luz e relvas perfumadas anulo-me no silêncio do consentimento e espero.