em um cavalo selvagem
que pinoteia pra todos os lados
dilacera seu corpo
estoura suas artérias
deixa os nervos esfrangalhados
desejar planar num cavalo alado
suave, leve tal como o sopro da brisa
deixar o ar passar sorrateiro, calado
você é um náufrago
num mar de tormentas
turbilhões de ondas
jogam-no pra todos os lados
totalmente desgovernado
feito uma centrífuga fora do prumo
você não encontra rumo
desatinado, enlouquecido
meu medo é se dar por vencido
desejar a calma do riacho
que nunca sobe, só desce
em suas águas serenas
deslizar suas feridas
desejo vão
reprimido contra o colchão
adormece
vira
revira
acorda
adormece
acorda
é um tamborilar constate
debate-se contra as paredes
quer sair pela boca
rouba-me o ar
vira
revira
acorda
adormece
sem saber se verá
o dia que amanhece...