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29 agosto, 2010

Tormenta


cavalgar a noite toda 
em um cavalo selvagem
que pinoteia pra todos os lados
dilacera seu corpo
estoura suas artérias
deixa os nervos esfrangalhados

desejar planar num cavalo alado
suave, leve tal como o sopro da brisa
deixar o ar passar sorrateiro, calado

desejo vão
você é um náufrago
num mar de tormentas
turbilhões de ondas
jogam-no pra todos os lados
totalmente desgovernado

feito uma centrífuga fora do prumo
você não encontra rumo
desatinado, enlouquecido
meu medo é se dar por vencido

desejar a calma do riacho
que nunca sobe, só desce
em suas águas serenas
deslizar suas feridas

desejo vão
reprimido contra o colchão
adormece

vira
revira
acorda
adormece

acorda
é um tamborilar constate
debate-se contra as paredes
quer sair pela boca
rouba-me o ar

vira
revira
acorda
adormece
sem saber se verá 
o dia que amanhece...

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